Motos custom e seus estilos

As motos custom (cruisers na America do Norte) trazem em seu conceito o DNA das primeiras motocicletas criadas no início do século passado. Muitos as consideram pesadas, pouco práticas e até ultrapassadas. Mas falar do mundo custom, é falar de múltiplos estilos e acima de tudo, atitude

As vintage, uma sombra do passado

Cada vez mais raras, as vintage são as motos custom que mais se assemelham às primeiras motos criadas no início do século passado. As vintage, não apenas tem estilo e visual clásscio, mas tecnologia e construção de épocas passadas. Carburadores e suspensões por feixes de mola são exemplos do que caracterizam uma autêntica vintage. As Royal Enfield Classic são fabricadas até hoje e apesar de modernidades como freios ABS e injeção eletrônica, mantém o visual e mecânica quase que inalterados desde os anos 1950.

Bobbers: só o necessário

As bobbers surgiram nos Estados Unidos logo após a Segunda Guerra Mundial. Os ex-soldados americanos queriam motocicletas tão ágeis e leves quanto as européias. Despiram então, as Indians e Harleys de seus pára-lamas, espelhos, estribos e tudo que representasse peso desnecessário, ou "bobbing" literalmente "cortar fora". As motos que passavam por este processo passariam a ser conhecidas como "bobbers". O estilo bobber começou com as cruiser americanas, mas hoje em dia é tão popular que é possível ver motocicletas de várias categorias como nakeds e pequenas urbanas convertidas para bobber.

Choppers: leves e perigosas

No início dos anos 1960, a prática de retirar peças para se conseguir motos mais leves continuou muito popular, mas na California, modificações no chassis começaram a ganhar mais apelo estético com o alongamento exagerado dos garfos da suspensão dianteira, instalação de sissy bars e guidões cada vez mais altos. Os pneus dianteiros tinham aros grandes e pneus finos, o tanque era o mais pequeno possível. As pinturas da época eram um caso a parte, coloridas e extravagantes seguindo o movimento psicodélico da época. As choppers (do termo choppin'off) eram consideradas motos perigosas, pois muitas tinham garfos tão longos que se tornavam frágeis e não permitiam a instalação de freio dianteiro por não existirem cabos longos o suficiente. Após a popularização das choppers, vários fabricantes passaram a lançar motos com design inspirado neste estilo de moto como as Suzuki Intruder 800 e 1400 dos anos 1990.

Cruisers ou long and low

As cruisers por padrão tem perfil baixo e longo para longas viagens em estradas que privilegiam retas. São as mais comuns, pois não abrem mão de acessórios para o conforto e segurança em viagens e no uso diário pela cidade.

Muscle bikes, força bruta

Em meados dos anos 80, a Yamaha lançava a VMax 1200, uma moto com elementos típicos das motos custom, mas com um poderoso motor de 4 cilindros em V de 145 hp. As motos custom até então conhecidas por seu funcionamento manso em viagens tranquilas não podiam ser comparadas àquele monstro mecânico que esbanjava força bruta e que anos depois seria considerada precursora de várias motos que surgiriam neste mesmo conceito como Honda Magna, Ducati Diavel, Harley-Davidson VRod e a enorme Triumph Rocket.

Lowrider: influência mexicana

A cultura lowrider é muito ampla e abrange vários aspectos. Mas no mundo das motos custom, as lowrider são caracterizadas pela suspensão rebaixada, longos escapamentos, guidões altos, pinturas de alto nível e muitos cromados. Este estilo nasceu entre imigrantes latinos nas periferias próximas à divisa entre os Estados Unidos e México e se popularizou na California a partir de 1950. Inicialmente se tratavam de carros modificados com suspensões hidráulicas que permitissem a menor altura possível do chassis, mas que fossem ajustadas a uma altura padrão para que os carros não fossem apreendidos em fiscalizações. Não demorou muito para que o estilo fosse incorporados às motos e bicicletas.

Rat bikes & Survival bikes: baixo custo e pós-apocalipse

O movimento "rat" é uma negação de tudo o que se busca numa moto customizada: aqui não há pinturas impecáveis, cromados brilhantes, acessórios incríveis ou acabamento primoroso. A rat bike em essência nasceu mais como uma necessidade de se manter a moto funcionando e rodando com o menor custo possível. Assim, alguns motoqueiros menos abastados preferiam investir na qualidade mecânica sem se importar com a aparência geral da moto. Dentro da manutenção de baixo custo, é comum utilizar peças usadas de outras motos, caminhões, utensílios de pesca ou tudo que sirvir para consertos e adaptações de fundo de quintal. Nas rat bikes é comum se deparar com tanques enferrujados, pinturas desgastadas, peças surradas e donos que não ficam em alerta constante para evitar riscos, amassados e sujeira longe de suas motos.

É muito comum confundir rat bikes com as survival bikes. Enquanto as primeiras são um resultado autêntico de uma manutenção de baixo custo, as survival bikes são criadas artificialmente com a intenção de parecerem sobreviventes de um apocalipse. Caminhando no sentindo inverso das rat bikes, os adeptos da s survivals gastam tempo e dinheiro para customizar motos novas para ficarem com aparência das motos da trilogia Mad Max, que provavelmente originou este estilo nas ruas.


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