A KTM tem uma tradição muito forte nas competições fora de estrada, onde a funcionalidade e eficiência são muito mais importantes do que a estética comercial. O DNA esportivo é levado aos modelos de rua da KTM sem muitos filtros no estilo. A 690 Supermoto de 2008 é um modelo com a aparência típica da marca com linhas retas e angulosas, mas os dois escapamentos com silenciosos enormes dispostos num ângulo de 45º, parecem ter sido emprestados de um caminhão norte-americano. O conjunto ótico dianteiro é outro com carenagem e farol desenhados e dispostos de tal forma que fazem a moto parecer um dos protagonistas da série Spy vs Spy. A despeito de sua aparência, a 690 Supermoto conta com um dos melhores conjuntos mecânicos da categoria.
A BMW segue a receita alemã de engenharia eficiente e objetiva onde os modelos de forma geral, sempre tiveram um apelo estético neutro, sem ter o objetivo de despertar emoções, como acontece com as italianas, por exemplo. Mas alguns modelos parecem ter sofrido mais negligência na hora de cuidar da aparência final. A F 650 CS Scarver de 2003, é uma versão mais direcionada para o uso em rodovias asfaltadas e centros urbanos, enquanto a F 650 GS Funduro tinha um apelo de uso mais off-road, esta com um design mais bem acertado. O problema, é que a Scarver trazia como assinatura de design, uma carenagem que envolvia o falso tanque formando uma peça única com o conjunto ótico dianteiro. Esta solução de estilo passa a falsa impressão de que o entre-eixos da moto é muito maior do que realmente é. As rodas de liga-leve de três raios, os frisos horizontais nas laterais do quadro e nos detalhes do tanque também não ajudam muito no resultado final.
A Honda é indiscutivelmente a empresa motociclística mais inventiva da história, tanto no campo da engenharia mecânica quanto no campo de design conceitual. Com o conceito NM4 Vultus apresentado em 2014, a Honda desenvolveu um modelo crossover com o perfil geométrico longo e baixo de uma cruiser, a carenagem frontal modernista de um scooter, as malas laterais de uma bagger e pneus de estradeira. Vista lateralmente, a parte traseira parece desproporcional à parte dianteira que é visualmente mais volumosa. Vista de frente, dependendo do ângulo, lembra os scooters futuristas do filme Akira. Não deixa de ser um modelo chamativo, mas não necessariamente bonito, pois o fato de não se firmar num estilo já familiar aos olhos das pessoas a deixa no limbo das motocicletas "esquisitas". Seu principal atributo é a praticidade dos porta-objetos e da proteção aerodinâmica.
Os chineses são mundialmente conhecidos por seu pouco esforço em criar designs originais, ou pelo contrário, por seu esforço em copiar o design alheio. A Green Sport 150 comercializada no Brasil entre 2007 e 2008, é um exemplo do design típico chinês dos anos 2000: uma moto street com uma carenagem simulando uma moto esportiva, com direito a farois duplos trapezoidais que lembram muito as Yamaha R1 da época, piscas e retrovisores integrado à carenagem. O motor monocilíndoro fica exposto e é típico de qualquer moto pequena urbana, enquanto a traseira lembra muito uma cub, como a Honda Biz. As rodas de liga-leve tem desenho "pesado" com doze pontas que ficariam melhor numa custom. As perfurações no protetor anti-queimadura do escapamento, parecem uma tentativa barata de "sofisticar" o desenho da peça. Vale observar que nos últimos anos, os fabricantes chineses tem investido muito no design e qualidade de construção.
O grande apelo das motocicletas cruiser desde sempre, é o estilo herdado retrô das grandes motocicletas norte-americanas dos anos 1940 e 1950. Das emblemáticas Harley-Davidson, passando pelos diversos modelos japoneses que absorveram este estilo com maestria a partir dos anos 1980 com as Yamaha Virago, Kawasaki Vulcan, Suzuki Intruder e Honda Shadow, que ostentavam farois redondos, peças cromadas e um design geral robusto. A partir dos anos 2010, atualizações visuais foram bem aceitas como acabamento em preto fosco no lugar da profusão de cromados, tanques com pinturas acetinadas, rodas de liga leve mais elaboradas, farois e lanternas com iluminação por LEDs ajudaram as custom a se manterem atuais para seu público. Obviamente alguns modelos saem da curva e acabam radicalizando no desenho final, como a Victory Vision Tour, que quando lançada no início de 2007, causou grande impacto no público. Conceitualmente semelhante às grandes custom estradeiras como Harley-Davidson Electra Glide, a Vision Tour substituiu o sagrado farol redondo por um grande conjunto optico em forma de asa delta que "corta" a carenagem frontal de fora-a-fora. Esta mesma carenagem forma uma única peça com o tanque, do mesmo modo que as malas laterais parecem formar uma única peça com o assento, e que ao mesmo tempo, parece formar uma única peça com os canos de escapamento. A lanterna traseira tem formato de "V", fazendo alusão ao nome "Vision". O top case integrado ao assento do garupa, quebra a fluidez do desenho geral da moto. O motor V2 que acompanha as motocicletas custom desde sempre, se torna antiquado e visualmente "pequeno" quando comparado ao estilo imponente, futurista e fluído da Vision. Esta é outra motocicleta que não passará despercebida pelas ruas, onde seu design sempre despertará amor e ódio... nunca indiferença.
Admirada e desejada mundo afora, até mesmo a Harley-Davidson já fez experimentações no campo do design. Em 1972, lançou a FX Super Glide, que quando vista de lado, passa a impressão de que uma chopper típica recebeu o transplante de um assento e rabeta de uma naked. O assento em três volumes, fica mais alto que o tanque, e a rabeta alongada do tipo boat tail passam a impressão de uma traseira pesada. Em contra-partida, as rodas raiadas e o pneu dianteiro estreito passam a sensação visual de fragilidade o que assentua ainda mais a sensação de que duas motos formaram uma. No conjunto geral, é uma motocicleta visualmente aceitável.